quinta-feira, 31 de março de 2011

O químico da Unicamp que fraudou 11 estudos científicos



RICARDO MIOTO
DE SÃO PAULO
REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA

Uma investigação internacional apontou fraude em 11 artigos científicos de um respeitado professor titular de química da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Tudo indica que se trata da denúncia mais séria de má conduta científica da história da ciência brasileira, apesar da escassez de levantamentos sobre o tema. Em geral, os casos envolvem plágio, e não invenção de resultados.

Os trabalhos que conteriam fraude saíram em várias revistas científicas da Elsevier, multinacional que é a maior editora de periódicos acadêmicos do mundo.

Os estudos da Unicamp foram retratados (ou seja, "despublicados", não tendo mais validade para a comunidade científica). A Elsevier afirmou que os sinais de manipulação são "conclusivos".

Claudio Airoldi, de 68 anos, é um dos pesquisadores mais experientes da Unicamp: está na universidade paulista desde 1968.

NO TOPO

Na classificação do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, principal órgão federal a financiar ciência no país), ele é bolsista de produtividade nível 1A, o mais elevado, e membro da Academia Brasileira de Ciências. É o associado nº 17 da Sociedade Brasileira de Química.

Airoldi teria falsificado imagens de ressonância magnética que servem para estudar características de novas moléculas. Um dos artigos dizia que uma delas delas, por exemplo, tinha uma estrutura que serviria para absorver metais tóxicos da água.

Os trabalhos foram publicados entre 2008 e 2010 em colaboração com um aluno de pós-graduação, Denis Guerra, hoje professor adjunto na Universidade Federal de Mato Grosso.

A Elsevier diz que o procedimento de investigação envolveu três cientistas revisores independentes, e que todos eles concluíram que "estava claro que os resultados tinham sido manipulados". A editora diz ter pedido e recebido uma defesa dos cientistas brasileiros, mas, segundo ela, o material enviado não prova nada.

"Estava previsto que algo assim ia acontecer. Ia ser muito difícil segurar isso porque a pressão para publicar é muito grande e existe leniência em relação a esse comportamento", diz Sílvio Salinas, físico da USP que segue de perto os casos de má conduta científica no país.

De fato, diferentemente dos Estados Unidos, que contam com uma agência federal para investigar casos assim, o Brasil deixa o acompanhamento dos casos e possíveis punições nas mãos das instituições onde ocorrem.

Não existem estatísticas consolidadas sobre o tema por aqui. Mas, num clima de competição científica acirrada e globalizada, com pesquisadores cada vez mais pressionados para mostrar sua produção em números, mais casos são esperados.

Nos próprios EUA, em 16 anos as fraudes científicas cresceram 161%. Em países como China e Brasil, onde a publicação bruta de artigos científicos tem crescido muito sem que a qualidade acompanhe esse ritmo, o fenômeno deve aparecer mais.

"As universidades e as agências de fomento precisam tomar providências quanto a isso. Nunca tinha tido conhecimento sobre algo dessa dimensão no Brasil. A ordem de grandeza é similar a casos de fraude que ocorrem na China", diz Salinas.

A Unicamp instaurou uma sindicância interna para apurar o caso. Segundo a universidade, ela deve ser concluída em 30 dias.

OUTRO LADO

Procurado pela Folha, Airoldi desligou o telefone assim que a reportagem se apresentou, dizendo não ter tempo para falar. Ele foi contatado também por e-mail, mas não respondeu até o fechamento desta edição.

Guerra disse já ter entrado em contato com a Elsevier. "Mandamos toda uma defesa dos trabalhos, apresentando provas de que as imagens são verdadeiras, mas não recebemos nenhuma posição."

Ele diz que a retratação da Elsevier "incomoda seriamente". "Pode acontecer de você nunca mais conseguir publicar um trabalho. Um editor vê uma coisa dessas e vai pensar o quê? Somos do Terceiro Mundo, a verdade é essa, sem dúvida nenhuma contra pesquisadores do Primeiro Mundo a crítica teria uma peso menor."



fonte:http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-quimico-da-unicamp-que-fraudou-11-estudos-cientificos#more

O químico da Unicamp que fraudou 11 estudos científicos

RICARDO MIOTO
DE SÃO PAULO
REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA

Uma investigação internacional apontou fraude em 11 artigos científicos de um respeitado professor titular de química da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Tudo indica que se trata da denúncia mais séria de má conduta científica da história da ciência brasileira, apesar da escassez de levantamentos sobre o tema. Em geral, os casos envolvem plágio, e não invenção de resultados.

Os trabalhos que conteriam fraude saíram em várias revistas científicas da Elsevier, multinacional que é a maior editora de periódicos acadêmicos do mundo.

Os estudos da Unicamp foram retratados (ou seja, "despublicados", não tendo mais validade para a comunidade científica). A Elsevier afirmou que os sinais de manipulação são "conclusivos".

Claudio Airoldi, de 68 anos, é um dos pesquisadores mais experientes da Unicamp: está na universidade paulista desde 1968.

NO TOPO

Na classificação do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, principal órgão federal a financiar ciência no país), ele é bolsista de produtividade nível 1A, o mais elevado, e membro da Academia Brasileira de Ciências. É o associado nº 17 da Sociedade Brasileira de Química.

Airoldi teria falsificado imagens de ressonância magnética que servem para estudar características de novas moléculas. Um dos artigos dizia que uma delas delas, por exemplo, tinha uma estrutura que serviria para absorver metais tóxicos da água.

Os trabalhos foram publicados entre 2008 e 2010 em colaboração com um aluno de pós-graduação, Denis Guerra, hoje professor adjunto na Universidade Federal de Mato Grosso.

A Elsevier diz que o procedimento de investigação envolveu três cientistas revisores independentes, e que todos eles concluíram que "estava claro que os resultados tinham sido manipulados". A editora diz ter pedido e recebido uma defesa dos cientistas brasileiros, mas, segundo ela, o material enviado não prova nada.

"Estava previsto que algo assim ia acontecer. Ia ser muito difícil segurar isso porque a pressão para publicar é muito grande e existe leniência em relação a esse comportamento", diz Sílvio Salinas, físico da USP que segue de perto os casos de má conduta científica no país.

De fato, diferentemente dos Estados Unidos, que contam com uma agência federal para investigar casos assim, o Brasil deixa o acompanhamento dos casos e possíveis punições nas mãos das instituições onde ocorrem.

Não existem estatísticas consolidadas sobre o tema por aqui. Mas, num clima de competição científica acirrada e globalizada, com pesquisadores cada vez mais pressionados para mostrar sua produção em números, mais casos são esperados.

Nos próprios EUA, em 16 anos as fraudes científicas cresceram 161%. Em países como China e Brasil, onde a publicação bruta de artigos científicos tem crescido muito sem que a qualidade acompanhe esse ritmo, o fenômeno deve aparecer mais.

"As universidades e as agências de fomento precisam tomar providências quanto a isso. Nunca tinha tido conhecimento sobre algo dessa dimensão no Brasil. A ordem de grandeza é similar a casos de fraude que ocorrem na China", diz Salinas.

A Unicamp instaurou uma sindicância interna para apurar o caso. Segundo a universidade, ela deve ser concluída em 30 dias.

OUTRO LADO

Procurado pela Folha, Airoldi desligou o telefone assim que a reportagem se apresentou, dizendo não ter tempo para falar. Ele foi contatado também por e-mail, mas não respondeu até o fechamento desta edição.

Guerra disse já ter entrado em contato com a Elsevier. "Mandamos toda uma defesa dos trabalhos, apresentando provas de que as imagens são verdadeiras, mas não recebemos nenhuma posição."

Ele diz que a retratação da Elsevier "incomoda seriamente". "Pode acontecer de você nunca mais conseguir publicar um trabalho. Um editor vê uma coisa dessas e vai pensar o quê? Somos do Terceiro Mundo, a verdade é essa, sem dúvida nenhuma contra pesquisadores do Primeiro Mundo a crítica teria uma peso menor."



fonte:http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-quimico-da-unicamp-que-fraudou-11-estudos-cientificos#more

terça-feira, 29 de março de 2011

Consulta Pública

Aos profissionais do INCQS


Levamos ao conhecimento de todos as Consultas Públicas/Anvisa nº 15 e 16 de 23/03/2011 – DOU de 28/03/2011, que dispõem sobre a Rede Brasileira de Laboratórios Analíticos em Saúde (Reblas) e sobre o funcionamento de laboratórios analíticos que realizam ensaios em produtos e serviços sujeitos à Vigilância Sanitária, respectivamente.

Fica aberto o prazo de 60 dias para que sejam apresentadas sugestões.

As sugestões deverão ser concentradas na Vice-Diretoria da Gestão da Qualidade, através do e-mail cristina.cruz@incqs.fiocruz.br .

segunda-feira, 21 de março de 2011

Canais WebTv Radio Coredor

A Radio Corredor está com dois canais de vídeo, PeNoSakú, canal de documentários, e o CineMania, filmes nacionais e estrangeiros, classicos lançamentos, curtas e dicas.

PeNoSaku http://livestream.com/penosaku

CineMania http://livestream.com/napistariodejaneiro

Nossa pequena Harvard

Escondido em meio à Floresta da Tijuca e pouco conhecido até mesmo dos cariocas, o Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada rivaliza em excelência com as melhores universidades americanas

Matéria na integra

Patentear a esmo não é caminho para Universidades

Por Marcos Assano

Em um artigo da Revista Conhecimento & Inovação (abril a junho de 2010), a Dra. Sonia Federman, do INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), faz uma pequena crítica ao método de avaliação de pesquisadores pelo número de trabalhos publicados e o não patenteamento do resultado de suas pesquisas.

Segundo Federman, pesquisadores de centros de pesquisa e universidades com maior número de publicações têm maior reconhecimento e maior índice de aprovação de projetos pelos órgãos de fomento. Em 2008, pesquisadores brasileiros publicaram 30.415 artigos, correspondentes a 2,63% de toda produção científica mundial, com tendência de crescimento. No entanto, o Brasil se mantém muito abaixo no ranking de depósito de patentes, estando muito abaixo dos países formadores do BRIC. Atualmente os artigos publicados superam em 80 vezes o número de pedidos de patentes no Brasil.

Embora possa parecer, o pedido d e patente não é complicado, burocrático ou caro, como muitos deles pensam. A concessão, por outro lado, pode demorar um pouco. Da mesma forma que confeccionar um artigo cientíco, o pedido de patente pode ser trabalhoso para o pesquisador no início, mas depois, torna-se um processo automático. Quanto ao preço, o INPI cobra uma taxa de retribuição de R$ 80 para pessoa física, ou R$ 200 para pessoa jurídica. Enquanto o tempo de publicação de um artigo leva em média um ano, a concessão da patente leva de seis a sete anos (cinco anos nos EUA, dois anos e meio no Japão e na Coréia do Sul).

O simples depósito do pedido de patente já garante uma expectativa de direito industrial (o direito consumado vem com a concessão da patente), enquanto a publicação do artigo científico garante apenas o direito autoral. Logicamente, nem tudo deve ser patenteado, mas apenas aquilo que se julgue importante ser protegido.

Quando o pesquisador deposita a patente e uma empresa se interesse em transformá-la em um produto, eles estabelecem uma parceria com licenciamento da tecnologia. Caso a patente não esteja depositada, a empresa pode aproveitar a sua pesquisa, redigir o pedido de patente e ser sua detentora. Neste caso, o pesquisador não terá como contestar o direito industrial. O texto cita dois exemplos:

O primeiro é o do remédio Capoten ou Captopril, utilizado por hipertensos. Um medico paulista apenas publicou o resultados de seus estudos em um periódico internacional. Uma multinacional farmacêutica reconheceu o potencial da pesquisa e rapidamente transformou-a em uma patente de um medicamento já em condições de ser utilizado em pacientes. A empresa não gastou dinheiro ou tempo de pesquisa, e o pesquisador não teve como contestar o laboratório.

O segundo exemplo é o de um diamante artificial desenvolvido por pesquisadores paulistas, este sim, patenteado e publicado. Uma empresa licen ciou a patente para a fabricação de brocas para uso odontológico vendidas para vários países, e os pesquisadores (ou o instituto de pesquisa) colhem os frutos dos royalties.

Desta forma, pesquisas com resultados passíveis de uso comercial no futuro merecem depósitos de patente para que outros não se aproveitem gratuitamente destes esforços. E também devem ser publicados posteriormente para liberar o conhecimento para sociedade. Como no Brasil a maior parte das pesquisas são financiadas pelo Estado, as patentes seriam uma forma de proteger estes investimentos feitos com dinheiro público.

- Texto original: "Publicar ou depositar a patente?", em http://www.conhecimentoeinovacao.com.br/materia.php?id=374

Patentear a esmo não é caminho para Universidades

Por Marcos Assano

Em um artigo da Revista Conhecimento & Inovação (abril a junho de 2010), a Dra. Sonia Federman, do INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), faz uma pequena crítica ao método de avaliação de pesquisadores pelo número de trabalhos publicados e o não patenteamento do resultado de suas pesquisas.

Segundo Federman, pesquisadores de centros de pesquisa e universidades com maior número de publicações têm maior reconhecimento e maior índice de aprovação de projetos pelos órgãos de fomento. Em 2008, pesquisadores brasileiros publicaram 30.415 artigos, correspondentes a 2,63% de toda produção científica mundial, com tendência de crescimento. No entanto, o Brasil se mantém muito abaixo no ranking de depósito de patentes, estando muito abaixo dos países formadores do BRIC. Atualmente os artigos publicados superam em 80 vezes o número de pedidos de patentes no Brasil.

Embora possa parecer, o pedido d e patente não é complicado, burocrático ou caro, como muitos deles pensam. A concessão, por outro lado, pode demorar um pouco. Da mesma forma que confeccionar um artigo cientíco, o pedido de patente pode ser trabalhoso para o pesquisador no início, mas depois, torna-se um processo automático. Quanto ao preço, o INPI cobra uma taxa de retribuição de R$ 80 para pessoa física, ou R$ 200 para pessoa jurídica. Enquanto o tempo de publicação de um artigo leva em média um ano, a concessão da patente leva de seis a sete anos (cinco anos nos EUA, dois anos e meio no Japão e na Coréia do Sul).

O simples depósito do pedido de patente já garante uma expectativa de direito industrial (o direito consumado vem com a concessão da patente), enquanto a publicação do artigo científico garante apenas o direito autoral. Logicamente, nem tudo deve ser patenteado, mas apenas aquilo que se julgue importante ser protegido.

Quando o pesquisador deposita a patente e uma empresa se interesse em transformá-la em um produto, eles estabelecem uma parceria com licenciamento da tecnologia. Caso a patente não esteja depositada, a empresa pode aproveitar a sua pesquisa, redigir o pedido de patente e ser sua detentora. Neste caso, o pesquisador não terá como contestar o direito industrial. O texto cita dois exemplos:

O primeiro é o do remédio Capoten ou Captopril, utilizado por hipertensos. Um medico paulista apenas publicou o resultados de seus estudos em um periódico internacional. Uma multinacional farmacêutica reconheceu o potencial da pesquisa e rapidamente transformou-a em uma patente de um medicamento já em condições de ser utilizado em pacientes. A empresa não gastou dinheiro ou tempo de pesquisa, e o pesquisador não teve como contestar o laboratório.

O segundo exemplo é o de um diamante artificial desenvolvido por pesquisadores paulistas, este sim, patenteado e publicado. Uma empresa licen ciou a patente para a fabricação de brocas para uso odontológico vendidas para vários países, e os pesquisadores (ou o instituto de pesquisa) colhem os frutos dos royalties.

Desta forma, pesquisas com resultados passíveis de uso comercial no futuro merecem depósitos de patente para que outros não se aproveitem gratuitamente destes esforços. E também devem ser publicados posteriormente para liberar o conhecimento para sociedade. Como no Brasil a maior parte das pesquisas são financiadas pelo Estado, as patentes seriam uma forma de proteger estes investimentos feitos com dinheiro público.

- Texto original: "Publicar ou depositar a patente?", em http://www.conhecimentoeinovacao.com.br/materia.php?id=374